sexta-feira, 9 de março de 2012

J6 E A GUERRA DOS SEXOS



Minha esposa amou o JAC J6. A primeira coisa que disse quando viu o carro foi “Ai, que lindo! Deixa eu ver como é por dentro?”.


O que agrada às mulheres pode, na mesma proporção, irritar os homens. A iluminação no painel da J6, por exemplo, que sempre achei cansativa, para ela é um “lindo tom de azul”. No interior da minivan ela procurou todos os vãos e nichos, e gostou especialmente do porta-óculos no teto, do porta-celular ao lado da alavanca de câmbio e do pequeno porta-objetos entre os bancos dianteiros, que também faz as vezes de descansa-braço. Eu já prefiro os porta-garrafas nas portas, ótimos para manter a Coca-Cola segura nas curvas.

No Brasil, beleza põe mesa. Mas o conceito de beleza é bem diferente para homens e mulheres: homens querem o belo que seja também rápido, estável, visceral; mulheres querem o belo que seja igualmente prático, descomplicado e seguro. E quando a escolha do casal recai sobre um carro familiar, ele precisa ser um pouco de tudo.

Josiane Soares, casada, dona de um Volkswagen CrossFox, diz o que achou da J6:

Foto: Maximiliano Moraes

Achei lindo, imponente. Gosto de carros altos e a posição de dirigir me pareceu bastante semelhante à do meu CrossFox. Só não gostei muito do volante, a costura do couro incomoda um pouco e os botões me pareceram malfeitos. O espaço interno é incrível e a visibilidade também, até melhor que a do meu carro. Mas eu não sei se compraria. Fico receosa com a questão da manutenção, da falta de peças, essas coisas. Se fosse só pela beleza e praticidade, aí sim, eu levaria sem arrependimento.

O preço e os muitos equipamentos de série têm sido exaustivamente citados nas campanhas da JAC, e isso chama a atenção num primeiro momento. Mas o relato acima, que se junta aos de clientes que até gostariam de ter um chinês mas têm exatamente o mesmo receio, mostra que talvez seja hora de a JAC focar seu marketing na assistência técnica, na desmistificação quanto ao estoque de peças e no preço de suas revisões.

Outra coisa que pode pesar para um carro é ele vir sem um determinado equipamento que é preferência do consumidor em sua classe. Talvez o exemplo mais recente de erro estratégico de uma fábrica neste aspecto seja o da VW Amarok – uma ótima picape, mas que ainda não atingiu o volume de vendas que poderia ter pela ausência da transmissão automática como opcional, ao contrário de suas concorrentes. Pelo menos no caso dela, ainda que de forma tardia, isso será corrigido com o lançamento da versão automática no próximo mês. Já para a J6 não há qualquer previsão de disponibilização deste tipo de câmbio, preferência no segmento. Hermann Gribel, casado, pai de 4 filhos e dono de uma Chevrolet Zafira Elegance automática, notou isso imediatamente ao conhecer a minivan chinesa:

Foto: Maximiliano Moraes

Ao conhecer de perto a J6, achei estranho o fato de não existir este carro, pelo menos aqui no Brasil, na versão automática. Quanto ao acabamento interno achei razoável, com visual agradável, mas minha Zafira é melhor neste aspecto. O espaço interno é ótimo, sobretudo quando os bancos auxiliares são removidos. Porém, este também é um ponto negativo em relação à Zafira, cujos bancos podem ser embutidos facilmente para ter a capacidade máxima de espaço para carga – ao contrário da J6, onde os bancos precisam ser retirados. O visual é atraente e simples, tanto externa quanto internamente; me agradou. A qualidade do som, que é de série, é evidente e chega a surpreender. De todas as formas, considerando o baixo preço para o segmento de minivans com 7 lugares, acho que é uma bela alternativa.

É a prova de que a JAC tem bons produtos, mas ainda precisa melhorar em diversos aspectos se quiser ganhar a confiança do consumidor. E isso não se consegue somente com campanhas de varejo.

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