quinta-feira, 23 de maio de 2013

NISSAN MARCH 1.0 16V RIO 2016 - AVALIAÇÃO




O Nissan March é o carro mais vendido da Nissan no Brasil, com 7.784 unidades vendidas de janeiro a abril deste ano. Este número, se não chega nem perto dos atingidos pelos líderes do segmento, consegue ser ainda menor até que o do "feio" Toyota Etios. Esperto, barato, espaçoso e bem equipado, o March já provou a que veio, mas mostra limitações e, por elas, explica por que ainda não é best-seller, mesmo com potencial para tal.


Foto: Maximiliano Moraes

Campinas é uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes cercada por 3 grandes rodovias: Anhanguera, Bandeirantes e D. Pedro I. Muitos motoristas fazem uso delas para reduzir o tempo de deslocamento entre certos pontos da cidade, reduzindo o fluxo nas vias internas e tornando o trânsito bem menos congestionado do que em algumas capitais de mesmo tamanho. A pequena aula pode ajudar a explicar a boa média urbana de consumo do Nissan March 1.0 16v que o RACIONAUTO testou durante esta semana: 11 km/l de gasolina.



Na estrada ele também vai bem. Em viagem de 500 km ao interior de São Paulo, rodando só com gasolina a 110 km/h constantes, o March alcançou 15,32 km/l, o que faz prever autonomia superior a 600 km. Mas boas estradas e trânsito favorável não tiram o mérito do bom ajuste mecânico deste Nissan e do excelente motor que o equipa, o mesmo Renault D4D 1.0 16v flex que empurra Clio, Logan e Sandero, com pequenas diferenças de regulagem. No March ele rende, segundo a fábrica, 74 cv de potência a 5.850 rpm e 10 kgfm de torque a 4.350 rpm - números estranhamente iguais para os dois combustíveis, mas suficientes para levá-lo sem esforço e garantir acelerações e retomadas seguras o bastante. E veja que o carro testado tinha pouco mais de 2 mil km rodados, apenas.



O March não tem reservas em mostrar suas qualidades. Desde o primeiro momento ao volante percebe-se o quanto ele é bem acertado: motor, câmbio, direção e suspensão conversam muito bem. O destaque vai para a direção elétrica, extremamente suave em manobras e mostrando progressividade na medida certa. A suspensão privilegia o conforto, mas não deixa a desejar nem mesmo nas curvas de raio mais fechado. Só os engates das marchas ainda podem melhorar: apesar de macios, são um pouco borrachentos.



A posição de dirigir do Nissan March é alta, mas acertada. Pedais e volante, este com boa empunhadura, estão alinhados, há apoio para o pé esquerdo e a alavanca de câmbio não fica longe da mão. As dimensões próximas ao do Fox (1,53 m de altura, 1,66 m de largura e 2,45 m de entre-eixos contra 1,54 / 1,64 / 2,46 m do VW) permitem bom aproveitamento do espaço interno. Assim, não falta espaço para a cabeça e, por não ser dos mais largos (não há milagre), 4 ocupantes viajam bem, com espaço suficiente para as pernas dos que vão atrás. E ele também é prático: as portas dianteiras têm espaços com porta-garrafas, há 3 porta-copos, 2 nichos extras no console e uma prateleira acima do porta-luvas. A ergonomia é boa, mas há ressalvas: os comandos dos vidros elétricos poderiam estar menos à frente (na tentativa de acionar o do motorista, o traseiro esquerdo foi acionado várias vezes por engano) e os controles dos retrovisores elétricos ficam escondidos atrás do volante.


Foto: Maximiliano Moraes

Por mais notórias que sejam suas qualidades, o March traz algumas falhas que já não podem ser toleradas nem mesmo entre os compactos. A principal delas é a ausência de ABS para os freios, que não existem nem como opcionais - coisa que até carros de entrada já trazem de série. Outro problema do Nissan é o acabamento: Onix e HB20, seguindo o Gol, fizeram o nível do segmento subir (não surpreende serem os mais vendidos do país). Por fora a má qualidade de montagem se revelou, no carro testado, através da porta do motorista, desalinhada, e do para-choque dianteiro, que de tão justo parecia ter sido remontado depois de uma batida frontal.


Foto: Maximiliano Moraes

Dentro, há plástico demais no painel e nas portas, e não da melhor qualidade. Não há nada errado com o layout do painel, que é claro e funcional, mas além dos encaixes das peças serem irregulares, tudo é ainda muito monocromático, simples, sem sal. Os bancos tentam ser esportivos, mas o tecido é áspero e de aspecto simplório. E ainda que o barulho do motor não invada a cabine (mais por ter este funcionamento suave do que por haver isolamento suficiente), ruídos aerodinâmicos e de pneus no asfalto obrigam a conversa a prosseguir num tom mais alto. O áudio poderia amenizar os ruídos, mas é pobre em recursos e tem qualidade sonora apenas mediana. Por fim, o campo de visão dos retrovisores externos é pequeno, apesar do tamanho das peças.


Foto: Maximiliano Moraes


Custando a partir de R$ 26.890,00, o Nissan March enfrenta tanto versões mais equipadas de compactos de entrada (Celta e Clio, por exemplo) quanto básicas de compactos menos "pé-de-boi" (como Gol e Uno). Mas o March não é pelado de tudo: banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, espelhos de cortesia para motorista e passageiro, alarme para faróis ligados e chave no contato, abertura interna da tampa do bocal de combustível, airbag duplo e apoios de cabeça dianteiros e traseiros são itens de série desde a versão mais básica.


Foto: Maximiliano Moraes

A versão do Nissan March que testamos, porém, foi a série especial Rio 2016, que vem com um pacote de equipamentos bem mais interessante. Além dos itens acima, os R$ 33.890,00 pedidos por ele agregam ar condicionado, direção elétrica com coluna regulável em altura, vidros elétricos nas 4 portas com one-touch para subir e descer o vidro do motorista, travas elétricas com controles na chave, retrovisores elétricos, rádio com CD/MP3 player e entrada auxiliar, limpadores de para-brisas com 9 velocidades, rodas de liga leve com aro de 15 polegadas e faróis de neblina.



Ainda que o preço seja bom, o March precisa evoluir se quiser continuar como uma boa opção de compra. Recentemente a Nissan lançou no mercado tailandês o March remodelado, que mostrou, além de um tapa no visual externo, uma grande evolução no acabamento interno. Bom seria se estas melhorias chegassem ao nosso mercado. É esperar para ver.

2 comentários:

  1. Tenho percebido um alto consumo no meu march 1.0. Rodo principalmente na cidade e com o ar condicionado ligado praticamente 100% do tempo. Normal?

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  2. O meu tbm esta com consumo bem alto vendo pelo computador de bordo e 1.0 tb !

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